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15
Ago
Pedagoga Luzia Guacira: Educar incluindo a todos
Pedagoga Luzia Guacira: Educar incluindo a todos

Luzia Guacira dos Santos Silva - Pedagoga


Quando falamos de inclusão escolar de estudantes com deficiência, é importante chamar atenção para o fato de que muitos deles tem vivenciado a exclusão de diferentes formas. De parte das atividades propostas na escola, nas diferentes áreas do conhecimento, são deixados de fora porque, alguns professores não se sentem habilitados a intervir pedagogicamente, por receio de fazerem algo errado e que venha a prejudicá-los ou, simplesmente, por não acreditarem no potencial daqueles estudantes para a realização das atividades ou, ainda, porque não vislumbram possibilidades dentro da condição contextual existente, de  participarem do seu jeito, com algumas adequações ao material ou atividade. É provável que as frases que esses estudantes mais escutem sejam: “Está dispensado”; “Não precisa fazer”; “Não é possível você ir”; “Vou passar outra atividade para substituir”; “Ele não consegue”.


Esse tipo de exclusão acentua sua condição de “ser diferente” no sentido etimológico da palavra, ou seja: “desigual, dessemelhante, desconforme, anormal, especial”, perante todos que compõem a escola e, a si próprios. Gera atitudes capacitistas, sentimento de inapropriação, apatia e conformismo, que tem levado estudantes com deficiência a desistirem do processo escolar, por considerarem que não há nada ou quase nada a lhes ser oferecido na escola. Contudo, sabemos e defendemos que essa realidade pode ser diferente – e o é em muitos contextos educacionais - no sentido de que é preciso mudar, por exemplo, concepções em torno do que é ensino, aprendizagem, pessoa com deficiência. Pesquisas na área da educação especial, além da experiência vivida por muitos de nós professores - “mesmo sem ter formação específica adequada” - tem mostrado, que o ser humano é capaz de aprender por vias múltiplas e, que a aprendizagem só tem sentido na interação com os outros e com os objetos do conhecimento.


O que os estudantes com deficiência precisam e merecem para sentirem-se incluídos é de acessibilidade e equiparação de oportunidades, de condições instrumentais de acesso ao conhecimento, de acolhimento das suas particularidades em torno do como aprendem e podem participar ativamente das proposições didáticas escolares, especialmente, em áreas como Arte e Educação Física, tão negadas a quem, por exemplo é cego ou usuário de cadeira de rodas. Devem e podem ser protagonistas de ações exitosas ou, não, porque todos temos esse direito. Mas, tudo isto já se sabe, pois é comum ouvirmos nos discursos proferidos em torno da inclusão educacional e social de pessoas com deficiência, ou lido nos inúmeros livros e artigos em torno do tema. No entanto, é preciso insistir: nenhuma criança ou melhor dizendo, ser humano, aprende a interagir, a conviver com os outros, a enfrentar desafios, a descobrir e desenvolver seu potencial sem que seja estimulado a fazê-lo, também, no contexto escolar comum.


Afinal, como pergunta o personagem professor Don Giulio (Paolo Sasanelli), no filme ‘Vermelho como Céu: “Pra que serve a escola?” A que serve?” Tais perguntas ressoam em nossos ouvidos junto a tantas outras que temos escutado nos cursos de formação de professores: Como fazer? Como aplicar? Como derrubar barreiras atitudinais e tantas outras existentes em torno dos estudantes com deficiência? Perguntas advindas daqueles que tem interesse e estão abertos ao conhecimento porque descobriram o valor dos princípios da igualdade de oportunidades, da valorização e do respeito aos diferentes modos de ser e de aprender da diversidade de estudantes que tem em suas salas de aula, da educação como meio de dissolução de fronteiras, de transformação do humano e, consequentemente, do mundo.


É por meio da escrita de livros, como o “Educação Inclusiva – por uma escola sem exclusões”, assim como dos diálogos formativos em cursos de formação continuada, que temos tentado contribuir para responder a estes e outros questionamentos. A fazer entender o Direito que cada criança e jovem com deficiência tem em frequentar uma escola comum e dela retirar o máximo proveito, ampliando os conhecimentos que traz consigo para compreender o mundo - para muitos, silencioso à sua volta -, desenvolvendo suas capacidades, fazendo amigos. Muitas vezes o que falta, para além de conhecimentos específicos, é um pouco de sensibilidade e compromisso político de todas as instâncias educacionais, para que ações inclusivas, portanto, para TODOS os estudantes na escola, sejam materializadas e passem a ser regra e, não, exceção.





Fonte: Vatican News

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